- Nº 1750 (2007/06/14)
Ensino Superior

O saber não pode estar dependente<br>do poder conómico

PCP

Está em curso, nas instituições de Ensino Superior, uma campanha de esclarecimento do PCP acerca da situação actual no sector, bem das propostas dos comunistas. Esta campanha destina-se aos professores, funcionários não docentes e estudantes, e termina amanhã, dia 15 de Junho.
No documento que suporta a campanha, o PCP considera que o sistema público deve continuar a desempenhar um papel central no Ensino Superior, visto ser indispensável concretizar a democratização do acesso e da fruição de níveis superiores de instrução e cultura. O sistema público é ainda fundamental para assegurar o ensino que certos domínios do conhecimento que não podem ser «abandonados à iniciativa privada, até porque estruturam o nosso desenvolvimento social, económico e cultural» e para assegurar a «coerência da oferta, a cobertura do território, a qualidade e relevância do ensino».
Na campanha, o PCP acusa o Governo do PS de estar a preparar o «mais forte, vasto e demolidor ataque ao sistema de Ensino Superior Público». Um dos aspectos mais negativos das «reformas» do Governo é, para o PCP, a possibilidade das Universidades e Politécnicos serem transformados em «fundações públicas de direito privado». Esta medida foi já aprovada na reunião do Conselho de Ministros de 5 de Maio.
Para o PCP, caso seja aprovada na Assembleia da República, esta medida provocará a retirada da autonomia às instituições, colocando-as na dependência dos grandes interesses económicos e do Governo. Mas dela resultará também a redução do investimento público, com o agravamento do valor das propinas, a precarização dos vínculos laboral dos docentes e investigadores e a redução do peso dos professores, dos estudantes e do pessoal não docente no governo das instituições.
Os comunistas consideram ainda que o modelo de «reforma» já em marcha se articula com o chamado «processo de Bolonha». Este, acusam, dedica-se quase exclusivamente à «formação acelerada e minimalista de profissionais e quadros técnicos. Este processo de transformação das escolas do Ensino Superior, destacam, tem um sentido evidente: o de um rápido ajustamento aos novos interesses do grande capital industrial e financeiro que se traduz «em níveis mais baixos de conhecimento, menos investigação e menos inovação».
Face a esta situação, o PCP defende uma «verdadeira reforma» que reconfigure o Ensino Superior Público, com a «integração num sistema harmonioso de todas as universidades e institutos politécnicos. Os comunistas consideram também que o ensino deve ser «gratuito, de qualidade e para todos» e que deve ser entendido como uma questão nacional e não apenas individual. O financiamento, defende ainda o PCP, deve ser público, «de forma a garantir um ensino e uma investigação de qualidade, autónomos do poder político e do poder económico».